Até 28 de Maio, está patente a exposição de desenho Escrever Paisagem de Manuel Baptista. A exposição apresenta mais de uma centena de desenhos quase todos datados dos anos de 1960 e década seguinte. Os exemplos que possam anteceder ou ser posteriores a essas datas destinam-se a marcar zonas de precedência ou continuidade de formas, temas e técnicas. Trata-se de um período que é muito pouco conhecido na actividade artística de Manuel Baptista. A selecção precede e coincide com a sua ida para Paris como bolseiro da Fundação Calouste Gulbenkian (1962/3) e prossegue até um momento que é se tornou evidente uma ruptura no interior da sua obra. A mostra, parte de um conjunto muito significativo de linguagens de dominante abstracta, lírica e gestual, de temática paisagística: o uso da aguarela facilita a libertação do gesto e os coloridos delicados que usa introduzem uma sugestão de lirismo nas evocações paisagísticas de falésias, praias e campos algarvios, zona onde Baptista vivera até vir para Lisboa estudar, Um outro grupo significativo de obras, em tinta da china, refere-nos a libertação do gesto para exercícios de escrita mas também a sua organização segundo composições em banda e quadrícula que sugerem quer uma escrita quer uma narrativa revelando o seu fascínio pela BD. Finalmente, Manuel Baptista alcança níveis de simplificação gráfica que nos recordam a influência da Pop no contexto da época, reforçando a vocação narrativa mas mantendo as relações de sempre com a paisagem. Estas obras obrigam-nos a rever a obra inteira daquele que era já um dos mais interessantes artistas revelados na década de 1960, em Portugal, o que será corroborado até 15 de Maio, na exposição Fora de Escala (Fundação EDP Lisboa), onde Manuel Baptista mostra esculturas e desenhos das mesmas décadas.Galeria da Fundação Carmona e Costa | Edifício de Espanha (Bairro do Rego) | Rua Soeiro Pereira Gomes, Lote 1- 6º A e D | Lisboa | Quarta a Sábado das 15h às 20h | www.fundacaocarmonaecosta.pt
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