sexta-feira, 6 de maio de 2011

CRISTINA GUERRA Contemporary Art - Lisboa

Até 2 de Julho está patente a exposição Their Time de Erwin Wurm. Zeitgeist é uma palavra alemã que significa espírito de época, espírito do tempo ou sinal dos tempos, designando o conjunto do clima intelectual e cultural do mundo numa certa época, ou as características genéricas de um determinado período de tempo. Erwin Wurm (n.1954, Áustria) refere-se a ela de uma forma frequente quando fala das suas obras, numa exploração constante da relação Arte/Filosofia que se exprime de várias formas no seu trabalho (como a série Philosophers, 2009). Permite-lhe assim falar do absurdo da condição humana na contemporaneidade, através do humor e da ironia. O material tem, assim, uma conotação psicológica e emocional que expressa um determinado estado das coisas. Idiotas que somos (série Idiot I, II e III), nos tempos que vivemos, absurdos na sua essência, não é difícil percebermos que podemos utilizar o riso como derrisão (como afirmava o filósofo H. Bergson), em suma, como uma arma de combate e de denúncia. Wurm explora-o, incessantemente, através da escultura, dotando-a de infinitas possibilidades: moldando, transformando, deformando. Nesse sentido, a sua obra questiona a noção de escultura clássica e suas convenções, subvertendo-a e criando estranhas “naturezas-mortas” do quotidiano e do banal. Apela, assim, a uma capacidade de questionamento por parte do observador que se sente incomodado e curioso pela estranheza e familiaridade, questionamento por parte do observador que se sente incomodado e curioso pela estranheza e familiaridade, simultaneamente, (Heimlich/Unheimlich) de cada situação criada. Por este motivo, é fundamental para o artista o recurso ao banco de dados comum, desde os ícones populares (série Claudia Schiffer, 2009), às marcas de consumo (série Hermés), 2008), à realidade do Médio Oriente (série Babylon, 2010), até aos materiais do quotidiano (cadeiras, detergentes, escovas de dentes, entre outros). Nele, a escultura, assim como a vida, é um acto efémero que é apenas captado pelo registo fotográfico como testemunha desse acontecimento. A obra de Wurm cria uma psicologia da sociedade actual, na forma como esta estabelece, por si, estranhas relações entre as pessoas e os ambientes nos quais vivem e as coisas que possuem. Politicamente incorrecto (recordando uma das suas antigas séries, Instructions on How to be Politically Incorrect, 2002/03), Wurm cumpre o desígnio de ser um marginal à normalidade hipócrita (conta, muitas vezes, a história de que o pai, detective policial, sempre achou que os artistas eram uma espécie de criminosos) e, através do uso dos materiais de consumo “do nosso tempo” dá real expressão ao espírito actual, numa atitude preocupada com a forma/conteúdo. Na verdade, como todos nós, o trabalho de Wurm lida com a constante verdade da dificuldade de gerirmos a vida. Aqui, o riso é coisa séria. (Carla de Utra Mendes) Erwin Wurm está representado em diversas colecções, das quais se destacam: Queensland Art Gallery, South Brisbane (Austrália); MUMOK - Museum Moderner Kunst Stiftung Ludwig Wien, Viena (Áustria); Centre Pompidou Musée National d’Art Moderne, Paris (França); Museum Ludwig, Colónia, Kunstmuseum Bonn, Bona, Museum fur Moderne Kunst, Frankfurt am Main (Alemanha); National Museum of Art, Osaka (Japão); Kunsthaus Zurich, Zurique, Kunstmuseum St. Gallen, St. Gallen (Suiça); Solomon R. Guggenheim Museum, Nova Iorque, The Judith Rothschild Foundation, Nova Iorque (EUA).
Cristina Guerra Contemporary Art | Rua de Santo António à Estrela, 33 | Lisboa | Terça a Sexta das 11h às 20h | Sábado das 15h às 20h | www.cristinaguerra.com

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