Até 23 de Julho está patente a exposição, Em Propriedade Horizontal de Catarina Botelho. Nesta exposição, Catarina Botelho (n. 1981, Lisboa) dá continuidade à proposta em que - utilizando a imagem de uma fita de moebius - vida, método e objecto de trabalho se entrelaçam numa única superfície. De modo astuto, Botelho tem-nos vindo a indicar que toda a sua construção visual, mesmo quando inclui pessoas, invariavelmente absorvidas em situações de privacidade, é mediada pela lógica da natureza morta. Tratando-se de um rigoroso traçado que, através de uma economia afectiva, encontra na relação do enquadramento, do equilíbrio e do jogo de luz, a expressão dos corpos, das roupas, dos objectos, dos alimentos, etc. O conjunto de fotografias reunido sob o título Propriedade Horizontal, produzido entre 2009 e 2010, apresentado primeiramente na Galeria Fonseca Macedo nos Açores, é agora acrescido de uma projecção-vídeo na exposição do trabalho em Lisboa na Arte Contempo. E nestas imagens percebemo-nos que o olhar se desviou, por completo, das pessoas. Fixou-se em configurações sensíveis que ocorrem numa horizontalidade, como sugere o título, mas também invocada pela qualidade horizontal da natureza morta. Uma camisa suspensa, um amontoado de roupa sobre uma cama verde, um vaso iluminado sobre um fundo sombreado, sacos de areia arrumados entre duas paredes, um pano, um livro e uma bolsa sobre o tampo de uma mesa, uma toalha num chão de pedra, o canto de uma arquitectura enigmática. Ainda que sejam imagens despojadas de pessoas, são povoadas pela sua recente presença agora feita ausência.
Arte Contempo | R. dos Navegantes, 46 A | Lisboa | Quinta a Sábado, das 14h30 às 19h30 | www.artecontempo.org
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