Até 28 de Abril está patente a exposição de pintura de Nélio Saltão , intitulada Festa da Cor, reúne cerca de 30 trabalhos do artista. Pintar é, para Nélio Saltão, um acto que se organiza segundo aleatórios padrões de composição. As linhas isolam as cores e redimensionam a sua importância no contexto geral. Na textura grossa, avultam raros tons de ruptura mas há vibrações que fluem, entre as cores dominantes, como sinais que traduzem a subtil procura da harmonia. A obra, sempre densa, guarda as sucessivas fases de elaboração como um segredo romântico e os símbolos, muitas vezes imperceptíveis ao primeiro olhar, remetem o observador para sabidos roteiros do imaginário popular. Corações, rendas, palavras, números ou meros devaneios de espátula que se exaltam ou sussurram, na intimidade iluminada, respondem á necessidade de acerto cronológico e legam ao todo uma marcante actualidade estética. Curiosamente discretas as telas brancas ou as predominantemente escuras, quase negras, tornam-se pólos de maior interesse. Exigem do olhar uma acuidade diferente para a percepção dos elementos tridimensionais ou tímbricos e apenas se revelam em pleno quando criteriosamente expostas. Nelas, as ausências celebram-se, então, em surdas tonalidades e a cor rouqueja nos apagamentos que podem evoluir, profundos, até ao silêncio total. Diferentes são as obras que mostram elaborados jogos cromáticos onde a maturidade do autor se recreia na vivacidade tonal dos pigmentos. É a festa dos sentidos, o grato passeio pelas superfícies enfeitadas, a emocionada vibração que traduz o prazer de ligar opostos, de exaltar contrastes e de comemorar, na matéria, as apoteoses da vida. (Edgardo Xavier, Fevereiro de 2011| texto extraído do catálogo)
Galeria São Mamede |Rua D. Manuel II, 260 | Porto | Terça a Sexta das 12h às 20h e aos Sábados das 14h às 20h | www.saomamede.com
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