quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Culturgest - Lisboa


Até 13 de Maio estão patentes as exposições de Michael E. Smith e Katinka Bock nas Galerias 1 e 2 do Edifício Sede da Caixa Geral de Depósitos.
Michael E. Smith (Detroit, 1977) trabalha com objetos quotidianos e materiais industriais, submetendo-os a transformações que frequentemente despistam o seu reconhecimento. Muitas das suas obras parecem dar testemunho de uma violência extrema e irreparável que sobre esses “corpos” se abateu. O modo rarefeito como o artista as instala no espaço expositivo acentua uma impressão de ruína, de abandono, de perda. Se soubermos que Michael E. Smith cresceu e ainda hoje vive em Detroit, cidade devastada pela degradação acelerada e por uma pobreza endémica, resultantes da falência dos setores industriais tradicionais, e em especial da indústria automóvel, encontramos aí uma fundamental chave de leitura do seu trabalho. A forte imersão do artista na cultura hip-hop durante a adolescência e juventude é outro dado biográfico significativo para entender a combustão criativa, algumas referências oblíquas e a atitude que atravessam a sua prática artística. As suas obras, eminentemente abstratas, dão conta de uma extraordinária inventividade formal, de uma notável capacidade para manipular materiais e construir formas e superfícies.
Uma preferência por materiais simples (por exemplo, barro, madeira, metal ou tecido) e uma rigorosa economia de gestos e de procedimentos na manipulação desses materiais são aspetos transversais ao trabalho de Katinka Bock (Frankfurt am Main, 1976). Elementares e austeras nos seus materiais e nas suas formas, dotadas de uma intensa energia e de um subtil poder evocativo, as suas esculturas condensam o processo de pensamento que esteve na sua origem. É de assinalar igualmente o apurado sentido coreográfico com que a artista organiza as suas obras no espaço expositivo – a relação entre as obras e a interação destas com o espaço. Todavia, as suas esculturas surgem-nos sempre, mesmo quando se inscrevem de forma específica no espaço, como eminentemente introvertidas e introspetivas, convidando o espectador a um estado de recolhimento interior. Reunindo peças recentes, e em vários casos inéditas, esta exposição dá a conhecer ao público português o trabalho de uma artista que, nos últimos cerca de quatro anos, tem vindo a construir uma posição de referência no contexto das práticas de escultura atuais.
Legenda das imagens: Larry Bird, 2010, Penugem e penas de ganso, plástico · 36 x 21,5 x 4,5 cm, Cortesia KOW, Berlim | Winterlandschaft mit Hut, 2011 [Paisagem de inverno com cabana], Calcário, feltro e areia · 300 x 300 cm, Cortesia Meyer Riegger, Karlsruhe / Berlim, Fotografia: Trevor Lloyd
Culturgest | Edifício Sede da Caixa Geral de Depósitos | Rua Arco do Cego, Piso 1 | Lisboa | Segunda a Sexta, das 11h às 19h (última admissão às 18h30) | Encerrado à Terça-feira | Sábado, Domingo e Feriado, das 14h às 20h (última admissão às 19h30) | www.culturgest.pt

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