quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

GALERIA ARTE PERIFÉRICA - Lisboa

A partir de 15 de Janeiro a 10 de Fevereiro estará a decorrer a exposição de pintura, Ele, elas, eles e ela do artista Mario Vela.
" Como quase sempre, sinto-me pintor, numa altura em que a pintura convive com outras disciplinas mais jovens, prefiro comunicar com cor, com pinceladas, com expressões nas caras, com contrastes de cor ou de ritmos, com o erotismo subentendido, com o prazer do que se vê, e esse é o único fim. Cada cor é uma decisão, cada pincelada um risco, cada expressão uma informação que há que medir: quanto da minha extroversão tenho que mostrar numa obra? Umas vezes sinto que me dispo demasiado. Só o tempo revela o resultado de cada obra. Quando pinto um quadro, gosto de o mostrar e discutir as decisões. Pouco a pouco separa-se de mim e ganha vida própria. Os quadros desta exposição estão condicionados por uma experiência que tive este ano. Surgiu-me um trabalho em que fiz uma actividade com pessoas que nunca tinha pintado antes, pelo menos enquanto adultas. Foram mais de 150 pessoas que enfrentaram um cavalete, tintas acrílicas, pincéis e uma tela com um retrato deles realizado por mim a carvão, e pedi-lhes para tentarem interpretar-se expressivamente, não de forma natural - como forma de favorecer a criatividade e a surpresa. Ao princípio muitos negaram-se a participar, porém, não sei como, todos acabaram por pintar e para minha surpresa praticamente os 150 apreciaram a sua obra, voltando a ser crianças. Percebi que a pintura é algo primitivo, é uma forma de expressão necessária. Todos os pais damos aos nossos filhos, quando são pequenos, cores para que se expressem, porém com o tempo vamos deixando de as usar. A felicidade que sinto quando acerto ou creio acertar, ou a espontaneidade ou os imprevistos me surpreendem, é a mesma que vi neles. Nesta exposição deixei caminho aberto para novas cores - cinzentos, castanhos - pouco habituais em mim, e retomei às cores uniformes e primárias. Quando se consegue transmitir pela cor, o desenho, a expressão, não é necessária uma explicação para entender a obra. Esse foi o objectivo. Pintar, criar, pensar, são uma maneira de entender a vida, umas vezes com angustia e outras com prazer, não tem explicação, mas é o que fazemos os artistas. Cada vez que faço uma exposição procuro encontrar um fio condutor, algo comum que me motive; nalgumas ocasiões senti-me preso a esse fio condutor, a essas coincidências, e agora quis-me despojar e trabalhar de uma maneira individual ou, no máximo, em pares, segundo o que me pede umas vezes a cabeça, e outras o coração; desta vez quero mostrar um conjunto de individualidades, de quadros que podem considerar-se únicos, que não pertencem a nenhuma série, mantendo apenas a minha linguagem reconhecível, o meu mundo, o que quero expressar. Ele, elas, eles e ela reúne diferentes personagens, diferentes momentos, quadros independentes e livres." (Mario Vela) Galeria Arte Periférica | C. Cultural de Belém, Pr. do Império - Loja 3| Lisboa | Todos os dias das 10h às 20h

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