quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

ALECRIM 50 GALERIA - Lisboa

Até 29 de Janeiro está a decorrer a exposição de pintura de André Almeida e Sousa. Sobre o trabalho de André nos fala Nuno Costa Santos: "E se eu vos falar de um olhar que não foge, que se fixa, que aprofunda, de uma mão que não se deslumbra, ciente da dificuldade dos processos e dos mistérios de uma investigação paciente, quase eremítica. Uma pintura que começa por ser alvoroço e se transfigura em corpo autónomo e transcendente, lava esquecida do vulcão que a espalhou. Território de camadas feito, sem querer saber onde começou e onde acaba, mapa cromático e de pormenores a descobrir em cada investida.E se eu vos falar de uma pintura que sacode o supérfluo como os animais impacientes. Livre de efeitos, títulos e trocadilhos visuais, sem respirações espúrias e cansaços fáceis, gesto que começa por ser exigência para consigo e acaba como exigência para com o mundo que o contempla.Cada quadro, um universo e uma geografia próprios. A cor como dado sensorial e orgânico, potenciador de contrastes e criador de pontos de luz - unidade nesta diversidade procurada. O inventário dos elementos - figuras humanas, narrativas cruzadas, um corpo suspenso no ar, buracos negros, espadas, copas, barco, céu, comida, espelho - torna-se um truque demasiado óbvio perante uma voz que, ao desfazer as narrativas que simula, nomeia sempre para dizer outra coisa. Cedo se percebe que esta gramática, como acontece com aquilo que é mais fundo em nós, não é verbalizável - ou apenas é verbalizável nos termos incertos e secretos de cada um. Como a memória, substância que se vai revolvendo e alterando sempre que é invocada, barro de que é feita esta matéria. Como a crença, que sustenta tudo isto. Sublime teimosia esta, de quem, nas voltas do seu atelier, afirma, solitária e corajosamente, "eu pinto assim". Alecrim 50 | Rua do Alecrim, 48-50 |Lisboa | 2ª a 6ª das 11h às 19h | Sábado das 11h às 18h | www.alecrim50.pt

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