terça-feira, 27 de abril de 2010

CRISTINA GUERRA CONTEMPORARY ART - Lisboa

Exposição de pintura do artista José Loureiro, estará patente até 22 de Maio. Engane-se quem acha que vai encontrar nas obras de José Loureiro uma outra narrativa que não a da própria pintura. Se existe aqui alguma história, ela surge do vocabulário próprio da linguagem pictórica, tecendo-se entre círculos, quadrados, linhas e rectângulos. As suas telas possuem a força de uma vibração especial que nos faz afastar e aproximar do plano, como se fossem um ecã vibrátil que deseja anular a separação que existe entre a representação pictórica e a própria realidade, dada pelo lado difuso dos contornos. Uma invasão da vida na tela e da tela na vida, mostrando igualmente que a rigidez pode tornar-se uma coisa leve, etérea. Desde o início dos anos 90 que muitas das suas séries de pinturas se referem directamente a ecrãs, impressões, projecções, reprodução e efeitos digitais. A qualidade vibrátil do plano da tela traz, ainda, outro tipo de associações. Evoca as novas tecnologias, tais como o ecrã da televisão ou ainda, em Priolo (título a uma das suas pinturas), vagamente, uma lâmpada fluorescente. Neste sentido, a pintura de José Loureiro, vive da procura de outras tantas tensões, onde a mais visível e irredutível, será entre superfície e profundidade. O seu trabalho, como a vida, vive destas oposições. No seu trabalho a questão das cores é apenas um jogo próprio das dinâmicas da representação pictórica. A intenção será sempre desviar o acontecimento da tela de uma aborrecida previsibilidade, como se a pintura fosse um organismo vivo com o qual o pintor estabelece um diálogo, na luta incessante (nem sempre bem sucedida) pelo controle da força da sensação contida na tela. Esta pesquisa obsessiva do mesmo motivo, numa cadência de repetição e diferença, faz parte da essencialidade da pintura, da sua mania. Mas, novamente, também faz parte da vida. José Loureiro mostra-nos pela força da sensação das formas um Mundo do Nada Libertado, possibilitando a cada um de nós colocar nele todas as nossas livres interpretações.

Cristina Guerra Contemporary Art | Rua Santo António à Estrela, 33 | Lisboa | Terça a Sexta das 11h às 20h | Sábado de 12h às 20h www.cristinaguerra.com

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