Até 23 de Setembro decorre a exposição de Arte Bruta inédita em Portugal.
A exposição reúne trabalhos de mais de setenta artistas de quinze países diferentes (China, Brasil, Estados Unidos da América, Rússia, Aústria, Reino Unido, França, Perú, Espanha, entre outros), numa selecção criteriosa de obras provenientes da colecção Treger-Saint Silvestre. O termo Arte Bruta, usado pela primeira vez por Jean Dubuffet en 1945, refere-se a obras de arte ditas “marginais”: arte de loucos, arte dos médiuns, arte realizada pelo homem comum invadido por um impulso criativo. Estes artistas, que não reivindicam o estatuto de criadores, trangridem as normas da “arte estabelecida” sem se preocuparem em revelar o seu trabalho, que permanece muitas vezes desconhecido, sendo a sua única preocupação a de criar. Estas obras de arte surgem como verdadeiros tesouros para coleccionadores com alma de explorador, uma vez que o procurar, conservar e coleccionar arte bruta é provavelmente uma das últimas aventuras da arte do século XXI. Richard Treger e Antonio Saint Silvestre fazem parte desses aventureiros em terra incognita. Partilhando a sensibilidade e o gosto pela obra destes artistas, que se mantinham à margem dos circuitos comerciais – e que sempre defenderam durante o seu percurso, notável, como galeristas, em Paris – tornou-se inevitável a constituição de uma colecção que desse destaque à arte bruta mais autêntica mas que contemplasse igualmente obras de artistas que escapavam a esta designação, por se situarem ainda mais na periferia, obras onde soprava por vezes o vento da arte bruta, como escrevia Jean Dubuffet. A colecção Treger-Saint Slvestre, composta por cerca de 600 obras, dois terços das quais ditas obras de artes marginais, convida-nos a entrar nesta terra desconhecida, onde nomes como Henry Darger, Adolf Wölflï, Madge Gill, Scottie Willson ou Augustin Lesage são aos poucos reconhecidos e representados nas mais exigentes colecções públicas, como o MOMA de Nova Iorque ou o Centro Pompidou, em Paris. O vento da arte bruta é um vento de liberdade. É por isso normal que a colecção Treger-Saint Silvestre a reflicta na perfeição. Portugal deu ao mundo artistas de primeiro plano, como Vieira da Silva ou, no género de que nos ocupamos, Jaime Fernandes, que criou, no segredo do Hospital Miguel Bombarda, obras incontornáveis no panorama da arte portuguesa. A realização desta mostra na Fundação Arpad Szenes-Vieira da Silva é uma homenagem à força criativa per se, pulsão que Maria Helena Vieira da Silva teria certamente compreendido. A exposição é comissariada por Christian Berst, fundador de uma das mais importantes galerias de Arte Bruta na Europa, em Paris, 2005, que se tornou uma referência internacional na matéria. É autor de numerosos artigos e cátalogos de exposições e responsável pela organização de mesas redondas e colóquios internacionais sobre Arte Bruta, onde também participa como orador.
Fundação Arpad Szenes - Vieira e Silva | Praça das Amoreiras, 56 | Lisboa | Segunda a Domingo das 10h às 18h | fasvs.pt
Fundação Arpad Szenes - Vieira e Silva | Praça das Amoreiras, 56 | Lisboa | Segunda a Domingo das 10h às 18h | fasvs.pt
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