Até 11 de Março está patente a exposição antológica Outra vez não, de Eduardo Batarda. É a oportunidade para conhecer melhor o trabalho de um pintor singular, desde as suas primeiras obras da década de 1960 até aos quadros realizados em 2011. Eduardo Batarda (Coimbra, 1943) é um dos nomes fundamentais da pintura portuguesa. Começou, na década de 1960, por praticar uma pintura figurativa em que a cultura pop, e nomeadamente as técnicas e métodos da banda desenhada e da ilustração, eram uma clara referência. Caracteriza esta fase a disjunção entre imagens cuja violência é acompanhada por um humor acutilante e desinibido. O seu livro intitulado “O peregrino blindado” (1973), assim como as aguarelas que caracterizarão a sua produção da década de 70, traduzem bem o que também pode ser visto como um arrasador retrato social e político do Portugal de então. A exposição em Serralves apresentará trabalhos antigos, e pinturas recentes que partilham o mesmo humor dessacralizante e paródico, mas que, no seu enganador formalismo, nos seus jogos compositivos tendencialmente abstractos, nas múltiplas referências eruditas que convocam, sublinham uma atitude irónica e distanciada em relação à natureza da obra de arte. Sobre a exposição Outra vez não, Eduardo Batarda, João Fernandes afirma: “Eduardo Batarda provoca o cada vez mais apressado espectador contemporâneo, exigindo-lhe tempo, atenção e conhecimento, parâmetros que o afastarão do mero consumo apressado das suas imagens e dos seus textos em favor do reconhecimento da necessidade de um estudo e de um aprofundamento da sua complexidade. Detectar referências e intertextos, reconhecer certas estratégias de apropriação e de transferência de signos e de códigos, estimular novas interpretações advindas de uma recontextualização semântica de temas e motivos historicamente motivados são apenas algumas das tarefas que aguardam o espectador/leitor de Eduardo Batarda. O próprio facto do artista convocar um “espectador/leitor” para os seus trabalhos é aliás fulcral para o entendimento da estratégia conceptual do artista: esta obra é um permanente libelo contra a ignorância e a estupidez do mero consumidor de imagens e de conceitos em que o “mundo da arte” transforma os seus espectadores.”
Museu de Arte Contemporânea de Serralves | Rua Dom João de Castro | Porto | Terça a Sexta das 10h as17h | Sábado, Domingo e Feriados das 10h as 20h | www.serralves.pt
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