Até 11 de Junho está patente a exposição com os mais recentes trabalhos de Diogo Evangelista, intitulada Demimonde. Assumindo vários suportes, tais como a pintura, o filme e a publicação, o artista desenvolve um trabalho centrado na exploração do estatuto da imagem no século XXI. As pinturas surgem da apropriação de imagens pré-existentes subtilmente alteradas do seu contexto original resultando, deste modo, num ready-made pictórico. Provenientes de fontes comuns, jornais, revistas, cartazes publicitários ou internet, as imagens evocam alguns géneros da pintura; paisagem, retrato ou natureza-morta. A escolha minuciosa das imagens advêm, numa primeira instância, da atmosfera ou ambiente que lhe é inerente e, num segundo plano, dos valores formais e conceptuais da pintura, como a luminosidade, a escala ou o voyeurismo. Tecnicamente as pinturas são elaboradas de um modo artesanal. A imagem impressa em papel é colada com cola de pele de coelho sobre tela ou madeira. Posteriormente, a tinta, que aplicada de diferentes modos, cobre a imagem. Por fim, a camada de verniz devolve o carácter artificial da imagem, aproximando-a do seu estado original. Deste modo, o artista procura desencadear uma certa tensão entre a imagem digital e a imagem analógica uma vez que cria uma ambiguidade entre processos; existe uma transformação da imagem original em pintura embora nesta fase seja possível também reconhecer traços próprios da fotografia. O filme, tal como acontece com as pinturas, parte de imagens pré-existentes apropriadas de um spot publicitário. Após a sua edição, o filme foi (re)filmado em película sofrendo pequenas alterações e ganhando novas formas, significados e contextos. A sua apresentação está integrada na sequência das pinturas sem estabelecer uma hierarquia dos meios utilizados e contruibuindo, igualmente, para o mesmo fim. A imagem na sua versão original integra uma memória colectiva reconhecível. Contudo, quando retirada do seu contexto, a imagem é acrescida, consequentemente, de significado causador de uma aparente estranheza. Quando reunidas sob o mesmo espaço, o conjunto das imagens possibilita narrativas não-lineares capazes de reforçar a intuição e o inconsciente de cada indivíduo criando, assim, guias de leituras individuais.
Galeria 111 | Campo Grande, 113 | Rua Dr. João Soares, 58 | Lisboa | Terça a Sábado das 10h às 19h | www.111.pt
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