Até 13 de Novembro, está patente a exposição , Transitions: Honoring the past, moving ahead (Transições: Honrar o passado, seguir em frente) que convoca uma reflexão sobre as transformações que o nosso modus vivendi tem incorporado desde os acontecimentos trágicos de 11 de Setembro de 2001. O seu epicentro, localizado nos Estados Unidos da América, afectou o mapa global que hoje constitui a nossa geografia cultural e política, recolocando a insegurança e a precariedade na vivência do quotidiano em detrimento da estabilidade e do que é transitório e transformador mas perene. É neste sentido que a exposição de obras da colecção da Fundação Luso-Americana, organizada em estreita colaboração com a Embaixada dos Estados Unidos da América, reflecte uma atitude consciente da necessidade de reinterpretar o passado sem perder de vista a produção cultural e artística do seu tempo, expressa nas obras dos artistas escolhidos. A exposição, a primeira da colecção de arte contemporânea da Fundação Luso-Americana realizada nas instalações do museu da Fundação Arpad Szenes-Vieira da Silva, é também um momento de celebração entre estas duas instituições, que têm colaborado, desde a criação da segunda em 1990, na promoção de exposições, colóquios, conferências e outras manifestações artísticas que têm como objectivo contribuir para o conhecimento da arte contemporânea e para o desenvolvimento da cultura e educação artísticas. A escolha das obras incidiu sobre pequenos núcleos da produção de quatro autores portugueses – Joaquim Bravo, Fernando Calhau, José Pedro Croft e Álvaro Lapa – e do norte-americano Joel Shapiro, exemplificando a presença e a importância do desenho no corpo da colecção da Fundação iniciada sob este postulado na década de oitenta. Com esta exposição não se pretende dar a ver a amplitude do acervo coleccionado ou unificar o trabalho dos autores sob a égide de uma disciplina ou tema, mas permitir uma relação tão próxima quanto possível – num espaço concentrado – com obras que representam uma prática artística assumidamente autónoma, e por isso singular, do trabalho que cada um dos artistas desenvolveu no período de três décadas – da década de setenta à década de noventa – que se revelou vital para o desenvolvimento do contexto artístico, com especial relevo para o desenho, entre outras formas de expressão contemporânea. Neste sentido, a noção de transição, de passagem de um momento ao seguinte, como uma transformação em contínuo progresso (work in progress), pode ler-se – amplificando a pregnância dos factos históricos – como indício de experimentação e de liberdade no interior de cada obra exposta e na relação destas com o legado dos movimentos artísticos do pós-guerra, dos quais estes artistas presentificam uma linha firme de continuidade. (João Silvério )
Legenda da imagem: FERNANDO CALHAU, Sem título, 1976, Fotografia a preto e branco e a cores e acrílico sobre papel (6 elementos), 27 x 40 cm (cada), Colecção FLADFundação Arpad Szenes - Vieira da Silva | Praça das Amoreiras, 56 | Lisboa | Segunda a Domingo das 10h às 18h -. Encerra Terças e Feriados. | www.fasvs.pt
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